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  • No Alvo com Eron Falbo

Artigo: O rei que promete paz na terra


O Oriente Médio é o centro do mundo. Controlá-lo significa controlar a ponte entre o Ocidente e o Oriente. Pela primeira vez, desde a Pax Romana, existe uma luz no final do túnel que está entre os polos da civilização mundial.

Neste mapa é possível visualmente contemplar a importância do Irã no Oriente Médio:

Nessa região, existem dois países que se rivalizam em tamanho, mas não em contingente populacional: a Arábia Saudita e o Irã. A Arábia Saudita possui uma área que é um pouco maior que 2 milhões de km2; enquanto o Irã, possui pouco mais de 1 milhão e quinhentos mil km2. A despeito desta diferença de tamanho, o Irã possui ampla vantagem em número populacional, com pouco mais de 87 milhões de habitantes. É quase três vezes superior à população saudita. Isto, associado à vagarosa queda da importância do petróleo Saudita nos mercados mundiais, colocam o Irã como possível potência regional do Oriente Médio.

A pergunta que fica é: Por que não o é de fato? Em poucas palavras – pelo seu fracasso sociopolítico e econômico guiado pelo regime teocrático aiatolá, que não só o isola da comunidade muçulmana da região, de maioria sunita (O Irã é xiita), como do resto do mundo por conta de sua insistência em confrontar os EUA e se aliar com outros fracassos ainda piores, como a Venezuela.

Qual seria, portanto, a solução para estabilizar o berço da civilização, o portal entre o Ocidente e Oriente, e a região mais politicamente instável do planeta? Quando acontecer a inevitável queda do atual regime do Irã, o sucessor poderá definir a estabilidade do mundo inteiro. Como fizeram no Iraq, uma república fantoche guiada pelos EUA, só aumentaria o desespero dos cidadãos iranianos que hoje protestam bravamente para derrubar o atual regime opressor e retrógrado. Contrário ao Iraq, que nunca se consolidou como um fragmento confuso do império Otomano, o Irã pode debruçar-se em seu passado de 25 séculos, e retornar ao nível de países como Noruega, Suécia, Nova Zelândia, Dinamarca, Canadá e Austrália, que estão entre os 10 países mais democráticos do mundo (Democracy Index) e são, como o Irã era antes dos aiatolás, Monarquias Constitucionais Parlamentaristas.

Fonte: https://iranintl.com/en/iran/prince-reza-pahlavi-people-cannot-take-it-anymore (Acessado às 13h:19, do dia 15 de janeiro de 2020).

A figura acima é Reza Pahlavi, príncipe herdeiro do Irã. Sua Majestade Imperial (em exílio), nasceu em 1960, em terras iranianas, em Teerã. É filho do Xá Mohammad Reza Pahlavi, que governou o Irã entre 1941 a 1979, ano da Revolução Iraniana comandada pelo Aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini (1902 – 1989). “Nos tempos do Xá” é uma frase que ecoa entre iranianos insatisfeitos com o atual regime. Eles se referem aos tempos que a economia crescia, mulheres eram educadas e livres e o país se alinhava com as tendências do ocidente.

Farrokhroo Parsa foi uma deputada e ministra da educação entre 1968 e 1976 no Irã, um país onde hoje, mulheres são obrigadas a usar burkas.

Em 1973 quando os países árabes se juntaram para criar um embargo contra Israel e os EUA, o Irã ficou de fora, peitando seus vizinhos árabes e se juntando a Israel e os EUA. Nos “tempos do Xá” o Irã atual seria um pesadelo distópico muito longe da imaginação do povo que vivia em pleno progresso. Fazer a roda da História tornar a andar para trás e mergulhar no obscurantismo, no fanatismo e no fundamentalismo islâmico, era algo impensável durante o regime do Xá.

O príncipe herdeiro, filho do último Xá, é um estadista de elegância e cultura e confere palestras no mundo inteiro, denunciando os atuais fracassos do regime e propondo um diálogo democrático para estabelecer mudanças reais, e assegurar o futuro de seu país.

O fenômeno de idealização do passado em que o Xá Pahlavi era o soberano do Irã parece encontrar voz na juventude tanto quanto em anciãos intelectualizados. O assunto já havia sido tratado como artigo de opinião pela articulista Camelia Entekhabifard, especialista em Oriente Médio. Em 22 de maio de 2012, ela subscreveu um artigo com o título “Iranianos se consolam no passado”, onde trata do desprezo que se sentia, no Irã, difusamente, pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, e o saudosismo pelo Xá.

O que mais pesa para os iranianos rebeldes, no momento, são as sanções econômicas e tentativas tanto caríssimas quanto frustradas de desenvolver armas nucleares, a fim de atacar, principalmente, Israel. Algo que o regime não esconde.

Na prática, o Irã é uma ditadura teocrática. Portanto, substituir o atual aiatolá do Irã Ali Khamenei (um fundamentalista) por meio do diálogo com uma monarquia que, de antemão: já declara querer a paz; não deseja a capacidade nuclear; reconhece Israel; e não é hostil ao regime dos EUA – faria um enorme bem ao país, que, fatalmente, teria suas sanções econômicas suspensas, e ainda traria estabilidade a região.

Isto é, substituir um regime teocrático e obscurantista, por outro democrático e aberto ao mundo ocidental e ao diálogo com os árabes de toda a região, e com Israel, que tem todo o interesse numa mudança de regime no Irã (onde o atual líder até mesmo nega a existência do holocausto).

Com a desastrada quase-guerra entre os EUA e Irã e o aumento considerável de protestos contra o regime, a troca do mesmo é uma questão de realpolitik. À Leste, o Irã faz fronteira com o Afeganistão, país conquistado pelos EUA à época do ataque às Torres em 11 de setembro de 2001. À Oeste, por mais que o Iraque se queira independente, sua espinha dorsal, o exército, repousa nas mãos dos EUA. À Nordeste, há a Turquia, um país com altos interesses na região, portanto, contra uma possível hegemonia iraniana. Por fim, ao Sul, o Irã tem como vizinho a Arábia Saudita.

É um país, que, no fim de contas, faz fronteira com os EUA. Posto que, todos estes países, de uma forma ou de outra, pagam tributo aos EUA. Outros players internacionais, como a Rússia e a China também jogam um papel na região, entretanto, pragmáticos que são, não iriam se opor a uma troca de regime no Irã, já que nenhum dos dois países partilha da ideologia iraniana, aliás, é bom que se diga – nem mesmo os outros países do Oriente Médio.

O que temporariamente salva o regime, portanto, acaba sendo o seu gigantismo, este já citado, e o cálculo frio que fazem a fim de não causar atritos com os EUA a um ponto sem retorno.

Logo, se há interesse da casa real Pahlavi de assumir, como membros de uma transição de governo no Irã, num possível esgotamento das alternativas diplomáticas de que o Irã dos aiatolás ainda possui, os EUA não viriam a hesitar em rearrumar a região com a monarquia parlamentar democrática de Reza Pahlavi.

Por que, a um só tempo, ele conferiria identidade aos povos que habitam o Irã, estabilidade estatal na figura do Rei, e a garantia de alternância democrática do poder, com o abandono imediato de se atingir capacidade nuclear na região, conforme suas próprias palavras, registradas em vários de seus discursos.

A forma de se fazer este novo contrato, portanto, passa pela vontade americana, porque as outras duas pilastras já existem. Um príncipe herdeiro legítimo, e a vontade de mudança do povo, faltando apenas o envolvimento da União Europeia, dos EUA, e da neutralidade russa e chinesa.

O regime dos aiatolás sabe disso, e sabe também dos movimentos monarquistas na região. Outro dia, um diplomata de Sua Majestade Britânica fora preso por participar de uma oração pelo país, posto que a polícia secreta dizia ter indícios de que Rob Macaire participaria de círculos monárquicos na região. O mesmo explica, em suas próprias palavras, a ilegalidade de sua prisão pelo twitter:

Este é o grau de repressão do regime iraniano. Diz o príncipe herdeiro sobre a reação do regime aos protestos: “Aos soldados que estão usando a força e repressão como ferramenta, só posso dizer que não há pessoas suficientes que podem matar para manter esse regime no poder. Eles deveriam se render e se juntar ao povo, seus irmãos. Esse regime não pode ser reformado e portanto precisa ser removido”.

Somente o retorno de uma monarquia sóbria e tradicional, porém moderna e liberal, pode harmonizar as polarizadas demandas desse povo milenar. Um povo sábio e digno, descendentes do império Persa que já foi a maior potência do mundo em diversas ocasiões, clama pelo retorno de uma fração de sua glória. E com a vinda desse rei, vem a promessa da hegemonia da paz e da democracia no oriente médio, que historicamente sempre significou a possibilidade de intermediação pacífica entre o ocidente e o oriente, e portanto a única alternativa real para o sonho da paz mundial.

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